Ideal cientifico
Uma visão panorâmica e crítica
E muito freqüente que os livros que tratam da história da psicologia comecem falando da filosofia ocidental desde os gregos e continuem, já nas épocas mais recentes, com físicos, fisiólogos e filósofos em cujas idéias podem ser encontrados elementos que hoje fazem parte do domínio da "psicologia científica".
O objetivo do presente texto, contrariando a regra acima, é apresentar resumidamente uma visão panorâmica e crítica da psicologia contemporânea.
Na verdade, só em época muito recente surgiu o conceito de ciência tal como hoje é de uso corrente, e foi ainda mais recentemente que começaram a ser elaborados os primeiros projetos de psicologia como ciência independente. Ou seja, só a partir da segunda metade do século XIX surgiram homens que pretendiam reservar aos estudos psicológicos um território próprio, cujo êxito se fez notar pelos discípulos e espaços conquistados nas instituições de ensino universitário e de pesquisa.
Só então passou a existir a figura do psicólogo e passaram a ser criadas as instituições voltadas para a produção e transmissão de conhecimento psicológico.
É claro que o processo de criar uma nova ciência é muito complexo: é preciso mostrar que ela tem um objeto próprio e métodos adequados ao estudo desse objeto, que ela é, enfim, capaz de firmar se como uma ciência independente das outras áreas de saber.
Para a psicologia, a questão era extremamente complicada, já que todos os grandes sistemas filosóficos desde a Antiguidade incluíam noções e conceitos relacionados ao que hoje faz parte do domínio da psicologia científica, como o comportamento, o "espírito" ou a "alma" do homem. Já na Idade Moderna, físicos, anatomistas, médicos e fisiólogos trataram de diversos aspectos dos comportamentos involuntários e mesmo de comportamentos voluntários do homem, ou seja, daqueles que, ao menos aparentemente, revelariam a presença de um "espírito" por detrás das