A produção do saber árabe-islãmico
1831 palavras
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INTRODUÇÃO No presente trabalho far-se-á uma análise da produção do saber árabe-islâmico, focada no boom das traduções sistemáticas de manuscritos, empreendida pela dinastia abássida. Esta ascende ao poder em 750, quando do destronamento do Califado Omíada, estendendo-se até o ano de 1258, quando se dá a sua dissolução. Associada às traduções, que perduram por cerca de dois séculos, estão as viagens, que serviram como ferramenta na construção do saber. Partindo do princípio que o conhecimento advém de Allah e a busca do conhecimento é a busca do próprio Deus, as viagens apresentaram-se no imaginário árabe-islâmico tanto como expressão religiosa – devido ao rito da Peregrinação aos Lugares Santos – quanto expressão de saber – a busca do reconhecimento do homem como erudito. As viagens e sua gama de significações receberão uma atenção pouco mais extensa do que os demais assuntos que serão abordados. Passaremos por uma breve análise dos espaços públicos e privados, das produções artísticas – poemas, histórias, músicas e narrativas em geral –, além do legado deixado pelas traduções, até chegar ao eixo central, as viagens, que foram deveras importantes como ferramenta da produção de saber.
A PRODUÇÃO DO SABER
“Eis o que da sabedoria te inspirou teu Senhor: Não tomes, junto com Deus, outra divindade, porque será arrojado no inferno, censurado, rejeitado”.
(Al Corão, v. 39)
Espaços Públicos e Privados: Disposições e Significações
A divisão política do califado levou ao surgimento de diversas cortes e capitais, que serviram como foco de produção artística e intelectual. Eram nos prédios e na poesia que os soberanos e as elites manifestavam o seu poder e suntuosidade. Isto é aferido nos edifícios que são concomitante expressão de fé, riqueza e poder das elites. Na disposição das casas e dos prédios públicos, nota-se que eles não se preocupavam em decorar sua parte externa. O único elemento externo que demonstrava a riqueza eram as portas,