A Precarização do Professor
Há muito tempo lecionar era uma das sublimes ocupações profissionais que uma pessoa podia exercer. Com o passar do tempo, lecionar passou a ser sinônimo de problema em um sentido amplo, ou seja, uma série de fatores tornaram a carreira do magistério obscura e árdua.
O professor hoje vive em meio ao fogo cruzado, de um lado todo bojo político de valorização profissional não chega, e do outro as dificuldades dentro do ambiente escolar. Para o primeiro, constatamos extensa lentidão nas chamadas políticas públicas para a educação, não só a reivindicação secular por melhores salários, mas também políticas efetivas que levem de fato ao desenvolvimento concreto da educação brasileira. Claro, diversos são os obstáculos criados com intuito de abortar as verdadeiras políticas educacionais, a começar pela falta de interesse dos governantes que se utilizam de aparelhos ideológicos que “são aqueles aparelhos, ou mecanismos, que na sua função de manutenção e reprodução das relações numa sociedade usam a persuasão, a cantada, isto é, a ideologia”1, para limitar essa mesma sociedade a se tornar ciente e crítica do ambiente a sua volta. Já o segundo ponto, está condicionado às influências do primeiro, onde, as dificuldades no ambiente escolar são oriundas de um verdadeiro bombardeio ideológico que atinge em cheio as crianças e jovens. A escola passou a ser um espaço de manutenção da realidade vigente.
Na antiga Grécia, havia dois pensamentos que regiam as escolas, “o manipulador, usado pelos donos do poder, para adaptar as pessoas a seus interesses; e o libertador, simbolizado na escola de Sócrates, que representava o processo de desenvolvimento da pessoa a partir dela mesma”.2
Nossos governantes aplicaram de forma reversa o pensamento de Sócrates, a partir do momento em que, o aluno é contemplado com uma série de diretrizes que o torna apático ao ambiente escolar.