A POÉTICA DA LUZ
E A REPRESENTAÇÃO DO OBJETO LÍRICO FEMININO
EM POETAS DOS SÉCULOS XII E XIII
Essa comunicação visa a refletir sobre estratégias poéticas utilizadas em Cantigas de Amor italianas por poetas dos séculos XIIXIII na representação do objeto amoroso. Faremos uma análise da chamada “poética da luz” – desenvolvida na obra Arte e beleza na estética medieval, de Umberto Eco – e a etérea representação do amor e do objeto lírico feminino, sob o olhar crítico de medievalistas, tais como, Georges Duby, Maria do Amparo Tavares Maleval e Umberto Eco, além do tratadista medieval André Capelão. Esse trabalho é resultado de projeto de Iniciação Científica, ao qual foi concedida uma bolsa PIBIC/UERJ e outra da FAPERJ sob a orientação da Profª
Dra. Delia Cambeiro (IL/UERJ). O projeto contemplado com as referidas bolsas, cujo título é “A lírica amorosa medieval galega e italiana dos séculos XII e XIII em perspectiva comparada”, já sugere seu caráter interdisciplinar.
Para chegarmos, porém, ao tema da “poética da luz”, devemos iniciar nossas discussões com as teorias encontradas na obra O tratado do amor cortês, de André Capelão. Em seguida, faremos dialogar/contrastar as reflexões desse primeiro autor com: as do historiador francês das mentalidades, Georges Duby; as da medievalista brasileira Maria do Amparo T. Maleval; e as do italiano Umberto
Eco.
ANDRÉ CAPELÃO E OS LABIRINTOS DO AMOR
O nome André Capelão – em latim, Andreas Capellannus – indica, provavelmente, uma figura pertencente ao clero e isto pode
Anais do XIII CNLF. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2009,
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Ca d er n os d o CN L F , V ol . X I I I, N º 0 4 ser confirmado através de alguns indícios. Na última parte de seu
Tratado do Amor Cortês encontra-se a afirmação de ser “capelão da corte real”, além disso, contam-se suas numerosas referências bíblicas; seus numerosos empréstimos de autores da latinidade clássica e medieval; sua insistência nos privilégios divinos