A perfeição em Descartes
Todos sabemos que Descartes inicia o seu itinerário espiritual com a dúvida. Descartes duvida voluntária e sistematicamente de tudo. Para Descartes é preciso passar pela experiência do erro. Duvidamos também dos sentidos, uma vez que eles frequentemente nos enganam, pois diz Descartes “nunca tenho a certeza de que estou a sonhar ou estou desperto, quantas vezes acreditei-me vestido com roupão a escrever algo junto à lareira e na verdade estava despido no meu leito. Como é que sei que estou aqui e não estou na minha cama a sonhar que estou a aqui? O que há nesta experiência que me permite dizer que isto é a realidade?” Descarte duvida também das próprias evidências científicas e das verdades matemáticas.
O que nos diz a segunda hipótese do génio maligno?
Que um certo génio do mal, astuto e mentiroso, deu-me uma natureza tal que eu me engano mesmo nas coisas que me parecem as mais evidentes. Se eu penso que tudo é falso; existe, porém, uma coisa de que não posso duvidar, mesmo que o génio maligno me queira sempre enganar. Mesmo tudo o que penso seja falso, resta a certeza de que eu penso. “penso, cogito, logo existo, ergo sum” – Existo como mente…
“Se eu tenho a perfeição de pensar, de imaginar, de certeza alguém mais perfeito do que eu tem que me ter dado cogito. Dentre as ideias do meu cogito, existe uma inteiramente extraordinária. É a ideia de perfeição, do infinito.
Não posso tê-la tirado de mim mesmo, visto que sou finito e imperfeito. Eu, tão imperfeito, que tenho a ideia de Perfeição, só posso tê-la recebido de um ser perfeito que me ultrapassa e é o autor do meu ser; este autor do meu ser este alguém tão Perfeito é Deus. Por conseguinte eis demonstrada a existência de Deus. Trata-se de um Deus Perfeito, que, por conseguinte é todo bondade.”
Deus, como não é enganador garante que as ideias que captamos (sentidos) são verdadeiras, apesar de não serem tal e qual como as percepcionamos apesar das cores, sons, sabores,