A partir da porta de sua tenda
O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige do intérprete que possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles.
O artigo de Rosaldo, “From the Door of His Tent: The Fieldworker and the Inquisitor”, faz parte do livro organizado por James Clifford e George Marcus, Writing Culture: The Poetics and Politics of Ethnography, cujo eixo central é a discussão sobre a escrita e a autoridade etnográfica.
Trata-se de uma discussão acerca da retórica etnográfica centrada na análise de dois textos: “Os Nuer”, de E. Evans-Pritchard, e Montaillou e “The Promised Land of Error”, de Emmanuel Le Roy Ladurie.
A comparação entre as duas obras fornece a Rosaldo os elementos para a analogia entre o etnógrafo, enquanto pesquisador de campo, e o inquisidor.
Para Rosaldo, a autoridade é buscada através do realismo da narração, cujo objetivo é dar credibilidade ao texto.
Rosaldo remete a textos de História que tratam da Inquisição, e a um mesmo antropólogo, Evans-Pritchard.
Rosaldo analisa Os Nuer buscando desmistificar o estilo realista das etnografias clássicas e demonstrar que a autoridade do antropólogo é garantida pela presença do pesquisador de campo nos eventos descritos.
Deve-se reconhecer que a contribuição de Rosaldo à análise da retórica etnográfica refere-se à discussão acerca das três funções da figura do autor: a figura do indivíduo que escreve a obra, a figura do narrador, e a figura do pesquisador de campo.
Assim, o pesquisador ao aparecer na introdução e desaparecer ao longo do texto, expõe os laços existentes com os contextos de dominação, mas se isenta e nega as relações entre poder e saber.
O trabalho do historiador se apropria de formas de estabelecer autoridade e construção de descrições objetivas já desenvolvidos na literatura etnográfica.
Minha leitura da escrita etnográfica de Evans-Pritchard é guiada tanto