Formação de professores leigos
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Mundos entrecruzados: Formação de professores leigos A primeira idéia que me ocorreu ao me propor a escrever esta resenha foi a de que seria muito difícil me aventurar a pensar o livro "Mundos entrecruzados", apenas com base na docência de Ciências Sociais no ensino superior. Pensei, ao mesmo tempo, que seria gratificante a tarefa de transmitir alguma reflexão até certo ponto "estrangeira", de alguém que observa a distância e com entusiasmo a experiência do Projeto Inajá1 - Curso de formação e habilitação de professores leigos em exercício do Magistério, MT (1987-1990). Em 1990, ao visitar Santa Terezinha do Araguaia, município sede do Projeto, tive a oportunidade de dimensionar a riqueza da troca de conhecimentos que estava ocorrendo em modestas salas de aulas, literalmente à beira do rio, um cenário natural fantástico reunindo pessoas com modos de vida tão diferentes entre si, alunos e professores. Esses professores leigos vieram da roça, da cidade, dos patrimônios (distritos de municípios) e da aldeia Tapirapé e agora, após o Inajá..., possuem habilitação em nível de 2º grau. A grande maioria é constituída de posseiros que complementam o orçamento doméstico como professores. (...) vivem isolados, precariamente servidos pelos meios de comunicação e de transporte e que, ao longo do curso, ao buscarem a recuperação de sua identidade, começaram a perceber o valor de sua história, (...). Enfim, essa experiência singular, ainda hoje ausente da História da Educação Brasileira, precisava, urgentemente, ser relatada, sistematizada e refletida (...). Essa é, portanto, a principal preocupação e objeto deste trabalho, cuja importância está diretamente relacionada ao despontar de novos projetos no Brasil em tempos e espaços diferentes. (Camargo 1997, pp. 13, 14) Entre muitas, a questão que mais me entusiasmou para escrever sobre o livro foi a riqueza de abordagens e discussões possíveis de serem feitas com base na análise da professora Dulce M.P. de Camargo.