A PARTICIPAÇAO DE PADRE CÍCERO NA POLÍTICA
Proibido de exercer as funções eclesiásticas, estimulado pelo seu prestígio ingressou na vida política. Com a elevação do povoado a município, foi nomeado pelo governador do Ceará, Nogueira Acioli, primeiro prefeito de Jua-zeiro. Como prefeito, estimulou a agricultura de subsistência, levou para o campo modernos descaroçadores de algodão e conseguiu que os trilhos da Rede de Viação
Cearense chegassem ao Cariri. “Entrei na política a contragosto, porque não teve jeito”, disse certa vez.
Segundo o que corria à época, padre Cícero era oficialmente o prefeito, porém, quem de fato administrava Juazeiro era o doutor Floro Bartolomeu da Costa, espécie de eminência política do religioso. Em 1914, a Assembleia Legislativa do
Ceará reuniu-se e, por maioria, reconheceu padre Cícero como 1º vice-governador do estado. Também foi eleito deputado federal. Ele não assumiu esses cargos “para não abandonar os fiéis”.
Em 18 de fevereiro de 1931, o jornalista Paulo Sarasate, do jornal O povo, de
Fortaleza, entrevistou padre Cícero, na época com 87 anos, mas relativamente forte e falando com fluência. Ardoroso inimigo de concessões estrangeiras, declarou: “Em vez de se salvar o País com impostos e empréstimos, os dirigentes da pátria devem criar um novo ministério, destinado especialmente a desenvolver as nossas riquezas naturais, as grandes riquezas que Deus nos deu. Faça-se, pois, o Ministério das
Minas e Florestas. É assim que se deve crescer, e não vendendo o país aos estrangeiros. Eles comem as bananas e nos atiram as cascas.” E continuou: “E, se for possível, criemos também o Ministério de Culto, Ensino, Ciência, Higiene e Bons
Costumes, para melhor realizar a reconstrução moral do país.”
Padre Cícero foi a figura central de um movimento violento que fez muitas mortes, ocorrido no Ceará entre 1913 e 1914, chamado “Sedição de Juazeiro”. Com o pretexto de acabar com o fanatismo no sertão do Cariri, o então