A origem da Filosofia
Os filósofos pré-socráticos não se consideravam como tal. Para eles, Sócrates não figurava como uma referência, ou melhor, um herdeiro, ou mesmo um contemporâneo. E foi apenas tardiamente, com a última geração deles, que passaram a ser designados como “filósofos”. Porém, se os filósofos pré-socráticos só são filósofos e pré-socráticos de um ponto de vista retroativo, convém interrogar-se sobre o processo pelo qual se tornaram tais, pondo em evidência não só a construção, mas também a possível legitimidade desse título, pois não se trata, ao contrário do que sugere um termo hoje corrompido, de uma simples “invenção”. A importância desse questionamento certamente diz respeito ao fato de que, ao investigarmos acerca dos filósofos pré-socráticos, estamos remetendo às origens da filosofia grega e, por conseguinte, ocidental..
1. PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO (SÉC. VII-V A.C.)
Período Naturalista pré-socrático, em que o interesse filosófico é voltado para o mundo da natureza.
O primeiro período do pensamento grego toma a denominação substancial de período naturalista, porque a nascente especulação dos filósofos é instintivamente voltada para o mundo exterior, julgando-se encontrar aí também o princípio unitário de todas as coisas; e toma, outrossim, a denominação cronológica de período pré-socrático, porque precede Sócrates e os sofistas, que marcam uma mudança e um desenvolvimento e, por conseguinte, o começo de um novo período na história do pensamento grego. Esse primeiro período tem início no alvor do VI século a.C., e termina dois séculos depois, mais ou menos, nos fins do século V.
Surge e floresce fora da Grécia propriamente dita, nas prósperas colônias gregas da Ásia Menor, do Egeu (Jônia) e da Itália meridional, da Sicília, favorecido sem dúvida na sua obra crítica e especulativa pelas liberdades democráticas e pelo bem-estar econômico. Os filósofos deste período preocuparam-se quase exclusivamente com os problemas cosmológicos. Estudar o mundo