A ordem do discurso- disciplinas
Michel Foucault
Introdução
Foucault apresenta uma teoria a respeito da sociedade disciplinar, que mostra como as práticas e os saberes vêm funcionando ao longo da Modernidade: através do adestramento. Sua obra é inovadora porque demonstra, comparando hospitais, quartéis, escolas, prisões, que o poder é relacional, se dá, sobretudo sobre os corpos e encontra-se difuso na sociedade e é por isso que Foucault trata de uma microfísica do poder. Porém, o poder, ao contrário da dominação, permite resistência. "Poder e saber, como dois lados do mesmo processo, entrecruzam-se no sujeito, seu produto concreto. O poder manifesta-se de diversas formas, mas o que aqui interessa é abordar como se manifesta nas instituições de ensino, forte expressão do exercício do poder relacionado ao saber.
Disciplina A Disciplina “adestra” os corpos no intuito de tanto multiplicar suas forças, para que possam produzir riquezas, quanto diminuir sua capacidade de resistência política. Ela assume dois sentidos distintos: como uma modalidade de saber, um ramo do conhecimento formado e justificado por uma epistemologia inerente, através de um sistema cumulativo de informações; e como algo que separa, ordena e classifica, tornando homogêneos os grupos, para que o mesmo estatuto normalizador vigore, tendo a ideia de um conjunto organizado e, desta forma, controlado, de forma imposta (repressão) ou consentida (estimulação). É a base do “jogo moderno das coerções sobre os corpos, os gestos, os comportamentos, exercendo-se através de cinco formas: repartição dos indivíduos no espaço, controle não só do produto, mas da própria atividade, vigilância hierárquica, sanção normalizadora e através do exame. Forma um tipo de conhecimento sob seus alvos, possibilitando uma forma de controle cada vez mais intenso, deixando-os expostos a uma visibilidade que os fazem, eles próprios, “fiscais de si mesmos”. O indivíduo é sem dúvida o átomo fictício de uma representação