A literatura no ENEM
O texto “A Ordem do Discurso” de Michel Foucault foi apresentado na ocasião de sua aula inaugural para assunção na cátedra “História dos sistemas de pensamento” no Collége de France. O próprio autor sugere que a discussão desenvolvida no texto servirá como parâmetro das intenções de pesquisa na referida cátedra.
Primeiramente, Foucault lança uma suposição que irá sustentar a linha argumentativa do texto: a de que em todas as sociedades “a produção do discurso é simultaneamente controlada, selecionada, organizada e redistribuída”, de modo a conjugar poderes e perigos.
A partir da hipótese lançada, o autor desenvolve conceitualmente os tipos de procedimentos (exteriores e interiores) que configuram o exercício de controle e delimitação do discurso.
Dentre os procedimentos exteriores, Foucault destaca:
1. A interdição, enquanto um procedimento – quando esse atinge o discurso – que revela imediatamente o vínculo do discurso ao desejo e ao poder;
2. O par “separação (ou partilha) e rejeição”, que funciona num incessante deslocamento: seleciona quais discursos circularão sem interdições;
3. A vontade de verdade, que se opera – com o devido respaldo institucional – de modo a exercer “uma espécie de pressão e certo poder de constrangimento” sobre outros discursos.
E sobre aqueles procedimentos que funcionam como “princípios de classificação, de ordenamento, de distribuição”, Foucault discorre sobre a existência dos seguintes:
1. Comentário, que é um tópico para satisfazer a existência dos desnivelamentos entre os discursos. “O comentário deve (...) dizer pela primeira vez aquilo que já tinha sido dito, entretanto, e repetir incansavelmente aquilo que, porém, nunca tinha sido dito”;
2. Princípio de autoria, que é entendido como uma prática de possibilidades relacionais de significação, descartando, portanto, a noção de autor como “o indivíduo que fala”. Dessa forma, o princípio de autoria é, pois, o princípio de