A obra que analisamos é “A Vontade de Saber”, de Foucault. O texto é o primeiro livro da trilogia “A História da Sexualidade” e tem a intenção de ser uma “introdução” ao pensamento do autor. A tese principal, porém, é a sexualidade como uma forma de poder e para defendê-la, Foucault utiliza uma evidência histórica apoiada em uma analise histórica a partir de três linhas principais: o desenvolvimento da confissão cristã a partir do século XIII, a multiplicação de um certo tipo de discursos sobre a sexualidade e a mudança de objetivos do poder cuja atuação procede cada vez mais em linhas ligadas à “proliferação” e “reforço” da espécie. A CONFISSÃO Na exposição de Foucault, a confissão desempenha um papel muito importante porque é na prática da confissão religiosa que se encontram os primeiros sinais de uma atenção aos prazeres do sexo e porque é principalmente através da utilização de métodos da confissão científica que o dispositivo da sexualidade aprofunda a sua autoridade e se dissemina. Essa autoridade vem de quem ouve a confissão, que não é mais simplesmente um interlocutor, mas quem impõe, julga, pune ou perdoa. Através da cientifização da confissão a autoridade do ouvinte intensifica-se. (Não se trata apenas de ouvir e julgar, mas de constituir a própria verdade a partir do discurso de quem se confessa). Constitui-se assim a verdade do individuo no outro, o saber nele do que não sabe em si próprio. Essa noção de que havia uma verdade escondida que era preciso revelar e interpretar deu ao sexo a importância central que tem hoje. (Assim, achamos que o sexo está cheio de mistérios e que falando sobre ele descobrimos a nossa própria verdade). Foucault diz também que quanto mais achamos que o poder do sexo nos domina mais nos queremos libertar. Portanto, quanto mais nos queremos libertar mais nos afundamos nas malhas do poder. Trata-se de nos convencer de que precisamos de ajuda, de que precisamos que alguém nos diga a nossa verdade e