Analise sobre o Livro "O que é arte" de Jorge Coli
Ainda no primeiro parágrafo de sua introdução, o autor alerta os potenciais equívocos quando analisamos este tema. O pensamento plenamente racional, aquele que busca respostas formatadas e unidimensionais, se encontrará disperso em comparação a outros olhares mais flexíveis. O texto torna forte tais associações ao trazer conclusões de estudiosos, como Étienne Gilson, que afirmou ser impossível ler um manual de arte sem se sentir contrariado.
Constatadas as dificuldades iniciais e determinado que o conceito do objeto artístico não é um enunciado inexorável, Coli nos apresenta as maneiras possíveis de se identificar arte em suas variadas formas. Partindo do nível mais básico, o do senso comum, observamos que a instauração do estatuto de arte acaba por ser facilmente absorvido pelo conjunto popular, quando já definido. Afinal, é raro encontrarmos alguém que defenda que a Mona Lisa ou Davi de Michelangelo sejam obras banais, sem valor cultural algum e que poderiam estar dispostas em qualquer espaço. É estabelecida, então, a ideia de que arte são certas manifestações da atividade humana das quais nosso sentimento é admirativo, ou seja, nossa cultura possui uma noção que denomina solidamente algumas de suas atividades e as privilegia.
A questão não se simplifica tanto quando procuramos escapar do entendimento rasteiro e aprofundar nossa compreensão, abrangendo outros campos além da arte consagrada. O texto brinca com o limite das significações formais ao comparar uma escultura clássica à célebre obra de Marcel Duchamp: um aparelho mictório exposto em museu. Em que ponto o Davi de Michelangelo e a peça