A NOVA L GICA GLOBAL E O PROGRESSO
No atual processo de globalização acelerada, a ideologia liberal faz o capital cosmopolita; sua pátria é onde ele pode render bem. Também são cosmopolitas os grandes jogadores de futebol e os astros da música. No entanto, os trabalhadores em geral continuam impedidos de circular livremente pelo mundo global. A globalização não amplia os espaços, estreita-os; não assume responsabilidades sociais e ambientais; pelo contrário, acumula problemas, transforma-se em sintoma de sobrecarga. A história é o resultado de numerosas e complexas intenções particulares que se entrecruzam, se enlaçam e se desviam. O homem não faz propriamente história, está enredado em um cipoal de histórias; ao relacioná-las, faz surgir outras novas. Fazer um claro na floresta significa identificar a própria história dentro de um cipoal de histórias. Não há um farol que indique o caminho a seguir. Abrir clareiras nesse cipoal e procurar impregná-lo de sentido significa ser capaz de cultivar formas de conduta e pensamento originais e não padronizados pelo pensamento único globalizante. Isso significa mais reflexão crítica, menos rapidez, o resgate do capricho, o cultivo do sentido de local, a capacidade para desconectar-se e não estar disponível. No entanto, "sempre acessível e conectado" passou a ser o lema da era da tecnologia da informação; sentimo-nos culpados e temos de justificar quando não estamos "ligados". Até nossas casas, última zona teórica de intimidade, são invadidas nos fins de semana por insaciáveis operadores de telemarketing. Esse dilúvio de informações e agressões ataca nosso espírito, que, para manter-se íntegro e diferenciado, exige sistemas eficientes de filtros como uma espécie de proteção imunológica contra agressões externas. Fica parecendo um enorme privilégio poder não fazer parte obrigatória de uma rede, voltando a ser "apenas bons vizinhos das coisas mais próximas", como dizia Nietzsche. Oscar Negt2 deixa claro que a verdadeira