A Nova classe Trabalhadora
Uma ida aos aeroportos e shoppings centers é suficiente para perceber a transformação social pela qual o Brasil passou nos últimos anos. Durante muito tempo viajar de avião e fazer compras em lojas de marca era um privilégio restrito às classes A e B. Hoje faz parte do cardápio de consumo da nova classe C, fruto da estabilidade no emprego e da melhoria dos salários. Os números impressionam. A classe C brasileira soma 104 milhões de pessoas e já representa 52% do total dos brasileiros, segundo dados Serasa Experian. Fosse um país, seria o 12o do mundo em população – a frente da Alemanha, do Irã e da Turquia – e o 18o em consumo, à frente da Holanda ou a Suíça. Em 2013, injetou mais de R$ 1,17 trilhão na economia brasileira, segundo dados do instituto de pesquisa Data Popular e do Serasa Experian.
A ascensão social de milhões de brasileiros tem feito vir à tona o preconceito de setores minoritários da sociedade que se sentem incomodados em dividir os espaços, que antes eram cativos de certa elite, com os trabalhadores brasileiros: porteiros, manicures, operários da construção civil, motoboys, mecânicos, comerciários, aposentados. Gente que trabalha duro para ganhar seu dinheiro e tem todo o direito de consumir, viajar e frequentar lugares aos quais não tinha acesso antes do governo Lula e Dilma.
O aeroporto é um espaço público emblemático desse novo momento. Se em dezembro de 2004, o total de passageiros pagantes em voos domésticos foi de 2,6 milhões, este número triplicou em dezembro de 2013, atingindo a marca de 8,2 milhões de passageiros. Certamente muitos deles fizeram o primeiro voo de suas vidas, mas não o último. Nas palavras do economista João Sicsú: “Gente que migrou para o Sudeste de ônibus e hoje volta ao Nordeste para visitar seus parentes de avião”.
Mais oportunidades de trabalho e maiores salários têm beneficiado segmentos da sociedade brasileira historicamente marginalizada: negros, nordestinos, trabalhadores rurais. De cada