A natureza constitutiva do homem
O que é o homem? por Renato Rodrigues de Oliveira
Diante da atual conjuntura, na qual vemos o homem num ritual macabro de autoflagelo, de caça alienante pelo dinheiro, de luta de classes, de modelagem da brutalidade, de ódio, de intransigência, de homofobia, de xenofobia, de guerras e atentados sangrentos, nunca uma questão se fez tão necessária. E diante do que julgo de imprescindível importância, nada me resta, se não indagar – me e indagar - vos: O que é o homem? Qual a essência da condição humana? Sobre que prismas sobressalentes pontificam os aspectos típicos dessa espécie? Que relações permeiam a trajetória desse ser? Por que os homens matam uns aos outros? Por que esse descaminho, esse desespero, essa coisa louca que faz o indivíduo virar um bruto que metralha inimigos e bebe o sangue de companheiros de pelotão? Por que o ser humano é a personificação da complexidade? Ainda que as palavras insistam em se tornarem insuficientes na formatação de um conceito (apesar de múltiplos), reservo – me a mesma insistência em tentar definir. O homem é ser que a despeito do suporte biológico que lhe dá a estrutura física, é delineado através do meio e só alcança a plenitude de sua existência na relação como o outro, na interação e agregação de valores de culturas alheias com as quais mantenha contato e é justamente a não aceitação da cultura de seu semelhante que vimos na contemporaneidade barbáries como as grandes guerras e o holocausto. O homem é o único ser com a proficiência da linguagem, essa capacidade ligada aos aspectos cognitivos que nos dá habilidade para a reflexão, o raciocínio, a logicidade, refutação e não a simples e inconteste aceitação. Ser homem é ser filósofo, é ser político, ideológico. É pensar. È ter a capacidade de se indignar. É mudar de opinião. É se mover pela razão, pela ciência, pelo mito, pelo senso comum, pelo bom senso. Ser homem é sentir. Sentir ódio, ira, compaixão.