CATEGORIA DA OBJETIVIDADE
I. Introdução
No capítulo preliminar com o qual demos início à parte sis-temática do nosso Curso (vol. I, pp. 157-172), vimos que a expe-riência presente nos fundamentos da Antropologia Filosófica é a experiência do homem-sujeito enquanto sujeito. A Antropologia Filosófica tem em mira, portanto, a organização conceptual e discursiva dessa experiência fundamental.
Mas, exatamente por se tratar de uma experiência, ela não se refere à subjetividade abstrata do Eu penso que resulta da epoché ou da "posição entre parênteses" do mundo da natureza e do mundo da vida. Ao invés, o sujeito se experimenta aqui como sujeito situado e é justamente a experiência da situação na sua finitude constitutiva que leva o homem a interrogar-se sobre si mesmo: a fazer-se obieto da pergunta sobre si mesmo e, nessa auto-objetivizaçâo, manifestar-se como sujeito interrogante. Um sujeito puro não tem necessidade de interrogar-se: ele é total transparência a si mesmo. São, pois, as dimensões da auto-expe-riência do homem como sujeito situado (e, por isso mesmo, interrogante) que configuram por sua vez as dimensões do espaço conceptual no qual se desenvolve o discurso da Antropologia
Filosófica.
Como toda experiência é imediatez recíproca de presenças, ou seja, presença imediata do sujeito ao objeto e do objeto ao sujeito (constituindo o primeiro estágio do que será a identidade intencional final do cognitüm in actu est cognoscens in actu), são as modalidades da presença do homem às realidades fundamentais que circunscrevem a sua situação que irão, finalmente, definir as dimensões da sua auto-experiência como sujeito, vem a ser, da auto-experiência que constitui a matriz temática da Antropologia Filosófica. Ora, não sendo o homem, repetimos, um sujeito puro- ou não tendo a intuição imediata e absoluta de si mesmo-a pnmeira realidade que circunscreve a sua situação é a realidade do seu próprio ser situado-a realidade que se apresenta a ele ou