A Moral em Pasolini
Pier Paolo Pasolini foi um cineasta, poeta e escritor italiano, muito conhecido por ser uma figura controversa. Embora seus trabalhos são tidos como obras de arte, os mesmos continuam a gerar, até hoje, polémica e controvérsia.
Pelos filmes que tive o prazer de visionar na aula (“Mamma Roma” e “Os Contos de Canterbury “),consegui realizar o quanto através de uma versatilidade cultural única e extraordinária, o cineasta consegue nos trazer verdadeiros tratatos epicuristas e notáveis críticas ao moralismo tradicional. Em “Mamma Roma”, assim como Caravaggio, Pasolini tirou toda a carga e conotação negativa que uma prostituta pode ter, transformando-a em algo natural, humano e real, que não pode ser ignorado. O autor poderia ter escolhido retratar o lado turístico, “burguês e belo de Roma, mas optou por algo mais real: a marginalidade, e todo o ambiente do “submundo”; os personagens capturados pela câmera vão desde prostitutas e chulos à bêbados e vândalos. Antagónico à linguagem clássica, o cineasta italiano, desenvolve um filme sem progressão dramática ou moral clara e objetiva, todo o drama é desmontado em episódios e não potencia o lado humanista da obra. A obra Mamma Roma não tem uma análise crítica, nem julga a moral de seus personagens. A decadência social não é regida pelo determinismo, estando longe da objetividade e mais proxima do caráter íntimo, pessoal e subjetivo.
Enquanto declarado ateu, Pasolini pôs em causa várias vezes o papel da Igreja e da herança cristã, como regedora da moral. O autor mostrava abertamente sua necessidade de admirar os homens e a natureza. A obra “Os Contos de Canterbury”, é um exemplo claro disso, consistindo num tratado de celebração da vida através dos prazeres e dos pecados humanos (que são frequentemente apresentados em toda obra) e uma autentica crítica e negação do moralismo tradicional.Longe de qualquer conservadorismo, Pasolini aborda certos “tabus” como o prazer e o sexo, com sua visão