A MENSAGEM E OS LUSÍADAS
Introdução
1. A Mensagem
1.1. Mensagem: uma epopeia lírica
Mensagem poderá ser vista com uma epopeia, pois parte dum núcleo histórico. Mas a sua formulação sendo simbólica e mítica, do relato histórico, não possuirá a continuidade.
1.2. O mito
Na Mensagem o mito é descrito como o nada que é tudo. Esta frase exprime a ideia que Fernando Pessoa tinha dos mitos. É nada porque nao existe materialmente, e é tudo, porque é Portugal e todo o seu heroísmo nacional. É através deste mito e da crença de muitos outros, que os heroís desta obra tomam as suas atitudes.
1.3. Sebastianismo
O sebastianismo é um mito nacional de tipo religioso. É um movimento religioso, feito em volta duma figura nacional, no sentido dum mito. No sentido simbólico D. Sebastião é Portugal: Portugal que perdeu a sua grandeza com D. Sebastião, e que só voltará a tê-la com o regresso dele, regresso simbólico ( como, por um mistério espantoso e divino, a própria vida dele fora simbólica ( mas em que não é absurdo confiar. D. Sebastião voltará, diz a lenda, por uma manhã de névoa, no seu cavalo branco, vindo da ilha longínqua onde esteve esperando a hora da volta. A manhã de névoa indica, evidentemente, um renascimento anuviado por elementos de decadência, por restos da Noite onde viveu a nacionalidade.
1.4. Quinto império: império espiritual
A ideia do Quinto Império vem de muito longe na mitologia judaico-cristã. Todos concordam em ver a sua origem no sonho de Nabucodonosor, contado no Livro de Daniel. O rei vê em sonhos uma estátua de dimensões prodigiosas: a cabeça é de ouro, o peito de prata, o ventre de bronze e os pés de barro misturado com ferro. De súbito, uma pedra bate no barro, o que faz com que toda a estátua venha abaixo; e a pedra transforma-se numa alta montanha que cobre a terra inteira. Daniel interpreta assim o sonho: o ouro representa o império da Babilónia, e a prata, o bronze e o barro misturado com o ferro significam os outros