A língua como objeto da Linguística
Antonio Vicente Pietroforte
As fábulas, contadas através dos tempos, pelos mais diversos autores e nas mais diversas línguas, tornam-se de muito interesse aos lingüistas, dados seus aspectos linguísticos, as variações e similaridades que uma língua apresenta em relação à outra.
No caso mostrado no texto de Pietroforte, na fábula “O lobo e o cordeiro” de La Fontaine, além de percebermos semelhanças no vocabulário, podemos notar que ambos os idiomas, o português e o francês, originam-se do latim, o que explica as semelhanças encontradas.
Esse método, que busca as semelhanças através de uma comparação entre as línguas, verificando suas histórias para encontrar um ponto comum, predominou na Linguística do século XIX e é chamado de método histórico-comparativo.
O teórico Ferdinand de Saussure, que desenvolveu trabalhos importantes nessa área, definiu, no início do século XX, um novo objeto de estudo para a Linguística. Ele afirma que, diferentemente de outras ciências, na Linguística é o ponto de vista (análise histórica, informações fonéticas, informações semânticas etc.) que cria o objeto e não o objeto dado previamente, que posteriormente é considerado sob vários pontos de vista. Sendo assim, o objeto de estudo depende do enfoque com o qual se trata um dado linguístico (relação entre as línguas, som, ideia etc.).
Saussure se utiliza nas suas propostas, de quatro pares de dicotomias para a criação de um novo objeto teórico para a Linguística: sincronia versus diacronia, língua versus fala, significante versus significado e paradigma versus sintagma; onde as teorias se relacionam e uma só faz sentido em relação à outra.
Sincronia versus Diacronia
No século XIX, a Linguística estudava basicamente a mudança linguística e classificava as línguas em grupos de famílias, tratatando-as em grau de parentesco. Esse tipo de Linguística, segundo Robins (1979), era chamado de Linguística comparativa e histórica e se baseava na