O perigo de uma unica historia
INTRODUÇÃO
Em seu programa de epistemologia comparada, notamos que o filósofo contemporâneo GILLES-GASTON GRANGER (1967, 1979) propõe conceitos significantes sobre a construção da ciência da linguagem à luz da teoria linguística proposta por FERDINAND DE SAUSSURE (1916). Segundo Oliveira (2003), a tese de Granger sobre o pensamento formal estende o alcance do conhecimento transcendental à linguagem, sob o enfoque de uma epistemologia que investiga as línguas naturais como objeto científico paradigmático às demais ciências humanas. Além disso, a autora destaca a relevância em se compreender a teoria linguística desenvolvida por Saussure apresentada e analisada nos trabalhos de Granger, uma vez que o autor caracteriza a obra saussuriana como marco de sistematização da ciência da linguagem. Dessa maneira por meio da leitura de Granger, podemos encontrar citações dos estudos saussurianos, especialmente a obra Cours (1916) mencionada como ponto de partida de uma problemática ainda não resolvida no que diz respeito aos estudos da linguagem. Além disso, ao analisarmos a concepção de Granger, destacamos a visão do autor que entende a epistemologia da linguagem em seu caráter transcendental, admitindo ser o conhecimento científico uma atividade semiológica. Já no que diz respeito à produção saussuriana, enfatizamos neste trabalho, as questões de ordem filosóficas, entre elas: a noção de língua como sistema, o conceito de signo linguístico, a teoria do valor, entre outras, uma vez que ao estudar o lugar da linguística em relação às outras ciências é necessário apresentarmos uma interrogação sobre o seu objeto como propõe Benveniste (1966, p.35):
Naquilo que pertence à língua (Saussure), pressente certas propriedades que não se encontram em nenhum outro lugar a não ser aí. Com o que quer que a compare, a língua aparece sempre como algo
1
Professora,