A Literatura Portuguesa Contemporânea
Portugal, o berço de nossa língua e cultura, sempre, ao longo dos tempos (precisamente desde o século XII, com o advento de nossa literatura – com os cancioneiros populares trovadorescos), nos presenteou com grandes artistas das letras. Donos de uma literatura rica e sem par, os escritores portugueses se fizeram, entre os falantes de línguas latinas, um marco único e singular.
Camões, Eça de Queiroz, Teófilo Braga, Bocage, Garret, Feliciano de Castilho, Herculano e Pessoa (e seus heterônimos) nos tornam isso bastante claro. Mas não é só do passado que vive a Literatura Lusa. Menos produtivo e menos divulgado, o século XX tem também seus ícones. Infelizmente escritores e obras impressionantes foram sucumbidas ao regime ditatorial de Salazar, que além de afundar Portugal numa crise econômica e social gravíssima, cerceou sua cultura a um espaço e a uma forma muito intrínseca à própria regionalidade portuguesa. Diferente das naus lusitanas do século XVI, a literatura lusa do século XX não desbravou cercanias do além mar.
Mas este espectro não foi perene. Nas últimas décadas do século passado, na fase pós ditadura, houve um readvento cultural em Portugal. É fato que o intercâmbio cultural com o Brasil e com as outras ex-colônias, principalmente as ilhas e Angola, enriqueceram o ambiente cultural luso, até então tão atrasado. Autores como Jorge Amado, Érico Veríssimo e Drummond passaram a ser lidos com avidez, músicos como Chico Buarque, Caetano Veloso e Djavan passaram a ser adorados naquele país. Artistas angolanos do mesmo quilate passaram a fazer parte da cultura cotidiana portuguesa e, com isso, Portugal se independeu definitivamente das marcas deixadas pelo Salazarismo, readquiriu personalidade própria e conseguiu, pela primeira vez na história da humanidade, trazer um prêmio Nobel de Literatura para um escritor de língua portuguesa: José Saramago.
Este feito, de certa forma, funcionou como uma “faca de dois gumes”.