A LITERATURA JUVENIL EM DEBATE
1. Introdução. A discussão em torno da origem e das características de uma literatura específica para a juventude trouxe uma nova frente de reflexão dentro do sistema literário infantil e juvenil nos últimos anos, pois embora se reconheça que a circulação de obras para o público jovem ocorra desde o século XIX, uma reflexão sistemática e pontual quanto à especificidade desta produção só veio à tona a partir da segunda metade do século XX. Neste caso, dada a recente inclusão da literatura juvenil dentro do gênero que a abriga, os contornos que a limita ainda estão imersos em um emaranhado de acepções deixando, consequentemente, várias sendas de indagações para aos que se dedicam a esta modalidade artística. Neste sentido, buscando compreender melhor o campo teórico no qual se inclui a pesquisa de doutorado que desenvolvo – Estudo comparado da literatura juvenil brasileira e galega: 24 anos de narrativas juvenis premiadas1 - é que busquei realizar uma pesquisa de campo sobre trabalhos que abordassem a literatura juvenil como uma produção específica2. 2. Literatura Juvenil: de volta com a problemática do adjetivo. Sabe-se que, no âmbito literário, uma adjetivação ao lado do substantivo “literatura” leva a um debate extenso chegando, muitas vezes, ao limite de sua exclusão do campo artístico já que alguns estudiosos consideram que a “verdadeira” literatura se faz sem adjetivos. Contudo, uma produção que tenha no destinatário o cerne de sua 1 Esta pesquisa está sendo desenvolvida na Universidade de Santiago de Compostela (USC), na Galicia (Espanha), dentro do programa de Pós-graduação “Literatura y construcción de la identidad en Galicía”, baixo a orientação da professora catedrática Blanca-Ana Roig Rechou. 2 Esta investigação foi realizada entre os anos de 2010 a 2012 em duas bibliotecas da Universidade de Compostela: a da Faculdade de Ciencias da Educación e da Faculdade de Filoloxía. existência