Uma Geração em debate: Beats ou Beatniks?
Marcos Abreu Leitão de Almeida
O presente artigo tem como objetivo entender de que forma a Geração Beat foi recepcionada pela sociedade americana da década de 1950, e como seus membros, por sua vez, reagiram a esta recepção. Entendemos que o melhor percurso para alcançar tal objetivo, seria o de recuperar o amplo debate nos principais periódicos americanos que tinha como questão premente entender o que era ser beat. Ao efetuar tal operação, resgataremos os dilemas, intenções, e preocupações de homens que viveram nos
Estados Unidos no fim da década de 50 adentrando, ao menos um pouco, no seu universo mental, além de re-inserir a Geração Beat em seu contexto de produção. É notável a quantidade de produções, acadêmicas ou não, que afirmam que a Geração
Beat é a origem da contracultura dos anos 60. Ainda que não se possa negar que os
Beats influenciaram muito a contracultura – a ponto de Ginsberg afirmar que as letras de Bob Dylan eram a certeza de que a “tocha” havia sido passada -, também é inegável que o ídolo das origens é o canto das sereias de todo historiador e deve ser evitado, pois o leva frequentemente ao anacronismo.
Quando os livros dos escritores Beats foram lançados na segunda metade da década de 1950, nos Estados Unidos, seus autores encontraram em setores consideráveis da sociedade americana um público hostil. Classificados como subliteratura, com poemas censurados, e extremamente criticados nos principais jornais americanos, alguns membros da Geração Beat tentaram se defender. Disso resultou um amplo debate que recheou diversas páginas dos impressos americanos, entre 1957 (ano do lançamento de On the Road) e 1960, sobre o que era a Geração Beat. Tais debates envolviam jornalistas, escritores, críticos literários, e até psiquiatras e políticos, além dos próprios beats. O artigo efetuará, portanto, três movimentos para entender o debate. À guisa de introdução, traçaremos uma breve