A literatura como lugar de experiência da realidade
Formado pela reunião de prefácios, resenhas, artigos, conferências e capítulos de livros publicados de maneira esparsa entre 1973 e 1999, o livro está dividido em dez partes, cada uma delas concentrada em torno de um autor: Joaquim Nabuco, Alberto Torres, Oliveira Vianna, Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda, José Honório Rodrigues, Raymundo Faoro, Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava, tendo como única exceção o capítulo dedicado ao modernismo, que caracteriza o movimento a partir dos acontecimentos de 1922 e traça seu quadro histórico; mas mesmo este confirma a regra, ao girar em torno de outro pensador do Brasil: Mário de Andrade.
Ao longo dos capítulos, acompanhamos a entrada das ideias da École des Annales, criada por Marc Bloch e Lucien Febvre no final da década de 1920; a assimilação inteligente do marxismo por Caio Prado Júnior, na década de 1930; a presença da moderna ciência social alemã e do pensamento de Max Weber, numa obra como Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, e mais tarde também em Os donos do poder, de Raymundo Faoro; a voga da história do cotidiano, da petite histoire, registrada nos escritos da década de 1990.
Ao tratar de várias gerações de historiadores, e também de cientistas sociais e literatos que à sua maneira também praticaram a história, Francisco Iglésias