A LINHA DA BELEZA DE WILLIAM HOGARTH
A linha de beleza de William Hogarth
A LINHA DA BELEZA DE WILLIAM HOGARTH
ARTUR RAMOS
(Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa)
O tema deste estudo é retirado de um tratado de pintura do século XVIII um pouco esquecido nos nossos dias mas bastante interessante não só pelas ideias como pelo modo pragmático e optimista com que as apresenta. Este tratado apresenta uma teoria que tenta explicar o que origina a beleza e, uma vez que é dirigido aos artistas, como podem estes na prática da pintura ou do desenho, orientar-se de modo que consigam dar beleza e graça, ou seja a beleza mais perfeita às coisas que representam.
O autor é o pintor inglês William Hogarth que viveu entre 1697 e 1764
A sua produção como artista é constituída por uma obra pictórica de onde se destaca o retrato, e uma outra vertente mais gráfica associada fundamentalmente à gravura.
O tratado em causa chama-se a A Análise da Beleza (The Analysis of
Beauty), foi publicado em 1753 por William Hogarth e possui a originalidade de se fazer acompanhar por duas elaboradas gravuras do próprio autor que servem de explicação ou de ilustração às teorias que ele vai expondo ao longo do texto (Fig. I e II).
O ponto principal da sua argumentação exprime-se pelo desenho e aplica-se perfeitamente à representação do corpo humano e em especial
Fig. I – The Analysis of Beauty, frontispício da edição de 1753, existente na biblioteca da Academia Nacional de Belas-Artes
Revista Filosófica de Coimbra — n.o 33 (2008)
Fig. II – Aspecto do livro com a gravura I desdobrada
pp. 147-158
148
Artur Ramos
ao retrato. De facto, Hogarth pretende definir com muita clareza a razão que pode levar um objecto, um corpo ou um rosto a serem considerados belos. As gravuras e aquilo que elas têm de desenho, são o meio perfeito para apoiar uma teoria que se quer clara, objectiva e prática. A utilização destas gravuras, a linguagem do desenho e a preocupação prática que