Graduando
Veneza e Itália setentrional, no início do século XVI
A cidade de Veneza pode ser vista como um outro grande centro da arte italiana, perdendo apenas para Florença. A aceitação de estilo da Renascença, em Veneza, foi mais demorada do que em outras cidades. Mas quando o fez, o estilo adquiriu aí uma nova alegria, esplendor e brilho que evocam talvez mais fielmente do que qualquer outro edifício em tempos modernos a magnificência dos grandes empórios do período helenístico, de Alexandria ou Antioquia. A Biblioteca de São Marcos é um edifício característico do gosto que tornou famosa a arte veneziana quinhentista. Os mestres eram habilidosos na tessitura de alguns elementos simples, de modo a criarem padrões sempre renovados. Os pintores da Idade Média não estavam mais interessados nas cores “reais” das coisas do que em suas formas verdadeiras. Poucos dentre eles consideravam a cor um dos principais meios para conjugar as várias figuras e formas de uma pintura num padrão unificado. Preferiam fazer isso através da perspectiva e da composição, ainda antes de mergulharem seus pincéis na tinta. Na tradição bizantina a imagem da Virgem costumava ser rigidamente ladeada por imagens dos santos. Bellini sabia como infundir vida nos simples arranjos simétricos sem perturbar a sua ordem. Giovanni Bellini pertenceu à mesma geração de Verrocchio, Guirlandaio e Perugino – a geração cujos discípulos e seguidores foram os mestres famosos do Cinquecento. Era natural que os pintores de Veneza seguissem a orientação de Giovanni Bellini, que fizera um tão feliz uso de cor e luz para unificar seus quadros. Os artistas venezianos do período tinham despertado para o encanto dos poetas gregos e o que eles simbolizavam. Gostavam de ilustrar histórias idílicas de amor pastoral e retratar a beleza de Vênus e das ninfas. Giorgione não desenhou coisas e pessoas para depois dispô-las no espaço, mas pensou realmente na natureza – a terra, as árvores, a luz, as nuvens, e os