A Linguagem em Laranja Mecânica
(Uma breve análise sob a perspectiva das Dicotomias de Ferdinand Saussure)
1. INTRODUÇÃO
Escrita em 1962 por Anthony Burgess, a obra “Laranja Mecânica” foi um ícone da contra-cultura dos anos 60, cultuada, por assim dizer, por milhares de fãs em todo mundo, especialmente após ganhar vida no cinema pelo gênio criativo de Stanley Kubrick em 1971. Trata-se de uma obra de ficção científica, tendo como pano de fundo um futuro não muito distante, pós guerra fria entre a antiga URSS e os EUA. O livro é polêmico e ainda hoje é visto, cultuado, adorado e criticado por todas as gerações. A obra conta a história de Alex Delarge um jovem de 15 anos de idade, delinqüente, impulsivo e obcecado por violência e todo tipo de transgressão moral e social. Ao ser preso por homicídio ganha a oportunidade de se submeter a um tratamento revolucionário que o trará de volta à sociedade, vale dizer, o método Ludovico, que expurgará toda a violência que permeia sua personalidade. O tratamento não sai como esperado e é tão violento quanto Alex, pois retira do ser humano a capacidade de escolha e de livre arbítrio.
O livro antevê um mundo globalizado, como conseqüência do fim da guerra fria entre URSS e USA, tendo a Inglaterra, local onde ocorrem os eventos, como o ponto de tensão máxima entre os dois mundos, e que sofrerá, portanto, uma miscigenação de culturas. Assim, as duas culturas existentes em 1960 se misturam, não se podendo afirmar se a sociedade retratada no livro é capitalista ou socialista. O choque de culturas se reflete também na língua por meio de diversas gírias, criadas a partir do idioma russo, do eslavo e do cockney, que são constantemente utilizadas pelos personagens. Dessa maneira, percebe-se que o inglês britânico fora misturado com o idioma russo, criando um dialeto peculiar existente no livro.
A obra foi traduzida para a língua portuguesa e recentemente foi lançada uma edição comemorativa dos 50 anos de