A linguagem como uma forma de ação em Austin
Considerações iniciais
O objetivo deste estudo é examinar a linguagem como uma forma de ação na obra de Austin Quando dizer é fazer: palavras e ação2. Para tanto, foram retomados os estudos referentes a 1ª e 2ª fase da teoria austiniana, para, a partir delas, tentar entender, mais especificamente, a noção de força ilocucionária e de efeitos perlocutórios da linguagem.
John L. Austin (1911-1960) tem seu nome indissociável ao da Universidade de Oxford, na Inglaterra, na qual ingressou, em 1929, como estudante e na qual continuou durante toda sua vida como professor (OTTONI, 1998, p. 27). Suas idéias, entretanto, foram divulgadas apenas após o seu falecimento, em fevereiro de 1960. Assim, a complexidade de suas idéias passa a ser acrescida de um outro fator: a recomposição de seu pensamento. Segundo Ottoni, suas reflexões passam a ser divulgadas por seus alunos e colegas, não pela forma que possivelmente Austin o teria feito. Porém, como destaca o autor:
Os caminhos que suas idéias percorreram foram aqueles que, pode-se dizer, Austin consciente e inconscientemente propôs. Se antes tínhamos em Austin uma vida filosófica original, agora podemos acrescentar que a divulgação de sua obra se deu também da mesma maneira. (OTTONI, 1998, p. 27)
As idéias de Austin proporcionaram à filosofia e à lingüística um impacto único. Nas palavras de Ottoni (1998), Austin é, em si, “um demolidor, um ‘desconstrutor’ de uma filosofia tradicional e – por que não? – de uma lingüística tradicional” (p. 25). Se até então, a Filosofia preocupava-se apenas com a lógica formal das condições de verdade, que não dava conta dos enunciados não assertivos, tais como os interrogativos, impositivos, dentre outros, o objeto de estudo da lingüística também se definia pelo viés do elemento “abstrato”, “universalista”, “sistêmico” e “formal”3. Austin ao desenvolver a teoria da ação, procura definir “quando dizer é fazer?”, ou