Relações entre a teoria dos atos de fala e quadrinhos humorísticos
RESUMO
Neste artigo, pretendemos descrever e problematizar os conceitos básicos da Teoria dos Atos de Fala, desenvolvida e debatida por J. L. Austin em How to do things with words (1976). Para isso, utilizaremos algumas tiras que contemplam atos de fala. Falaremos, também, sobre a presença dos atos locucionários, ilocucionários e perlocucionários nos textos analisados. PALAVRAS-CHAVE: Atos de fala – Quadrinhos – Performatividade – Humor.
1. Considerações iniciais
A Teoria dos Atos de Fala nasceu na filosofia da linguagem e tem como base doze conferências de Austin, publicadas sob o título How to do things with words em 1976. A grande contribuição de Austin para a lingüística foi considerar a linguagem como forma de ação. Dessa forma, a Teoria dos Atos de Fala tem importância significativa para a pragmática, a qual estuda as condições que governam a utilização da linguagem, os fatores lingüísticos e extralingüísticos que contribuem para a produção de sentido numa dada situação comunicativa. Em seqüências específicas de enunciados, muitas vezes, os aspectos fônicos, sintáticos e semânticos do sistema de uma língua não conseguem explicar, por si só, como são construídos, por exemplo, o humor, a ironia, o subentendido e outros fenômenos. Assim, não é novidade que os usuários da língua normalmente comunicam muito mais do que as palavras e frases significam. Daí, a pragmática, como um dos domínios da lingüística, contribui para a análise e compreensão daquilo que ultrapassa os limites da sintaxe e da semântica. Nesse sentido, num primeiro momento, descreveremos e problematizaremos a teoria austiniana e, depois, a aplicaremos à análise de quatro tiras - narrativas seqüenciais que se caracterizam pelo humor, que, por sua vez, é produzido normalmente por fatores lingüísticos e extralingüísticos.
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Mestre em Letras e Lingüística pela UFG. Professor de Língua