A leitura como performace
EDIL SILVA COSTA
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Performance, recepção, leitura de Paul Zumthor. Tradução de Jerusa Pires Ferreira e Suely Fenerich. São Paulo: EDUC, 2000, 137 p.
Não se engane o leitor com o tamanho livro. Bem acabado, com tradução competente, trazendo reflexões ricas e seguras, Performance, recepção, leitura é uma pequena jóia, material mesmo indispensável para estudiosos da oralidade. É um livro tão denso que apenas alguns aspectos podem por ora ser abordados. Trata-se de uma obra que, se por um lado tem uma enorme consistência teórica, por outro é extremamente humanista, pois não perde em um só momento a dimensão humana da ciência. Privilegiando o ponto de vista do leitor, Paul Zumthor vai traçando seu caminho na medida em que cruza os aspectos da leitura e da performance, tornando o seu texto mais didático e ágil. Trata-se também de um texto ousado, pois adota a sensibilidade e a percepção poética como parte de seu método de análise. O livro divide-se em duas partes: “Performance, recepção, leitura” e “A imaginação crítica”. Detenho-me na primeira parte, mas já no prefácio, o texto mostrase inquietante: a simulação de um diálogo com o autor, discutindo o oral e o escrito, e situando claramente seu território crítico, provoca o leitor a romper horizontes e despir-se de pré-conceitos literários. Por sua formação de medievalista, Zumthor nos oferece uma visão bastante global dos temas selecionados. Não é a língua que o interessa, mas a voz, o suporte vocal da comunicação humana. A força da voz viva. Desse texto que evita a todo custo as dicotomias, segundo o próprio temperamento do autor, alguns aspectos merecem uma reflexão. 251
No primeiro capítulo, a abordagem gira em torno da idéia de performance. Considerando a performance como única forma eficaz de comunicação poética, o autor vai revelando pouco a pouco os índices performanciais