Roger Moko Yabiku (http://jus.com.br/revista/autor/roger-moko-yabiku) A Idade Média tevecaracterísticas interessantes. Durou da queda do Império Romano (século V) até a tomada de Constantinopla (capital do Império Romano do Oriente) pelos turcos, no século XIV. A Igreja Católica supriu o vácuode poder político causado pela queda do Império Romano do Ocidente. O cristianismo, oriundo da Palestina, era uma das várias religiões orientais presentes no Império Romano. Num dado momento, lhe foitolerado o culto e, depois, alçada à condição de religião oficial do império. Havia algo de diferente, porém. A idéia de "evangelização", ou seja, de espalhar a boa nova para converter osnão-cristãos de modo a se tornar uma religião universal, assinala Marilena Chauí (p. 192). Há muitos artifícios para a evangelização. No entanto, não era fácil converter os intelectuais gregos e romanos, cujasreligiões eram diferentes da cristã, com tradições intelectuais calcadas na razão apregoada pela Filosofia. "Para convertê-los e mostrar a superioridade da verdade cristã sobre a tradição filosófica, osprimeiros Padres da Igreja ou intelectuais cristãos (São Paulo, São João, Santo Ambrósio, Santo Eusébio, Santo Agostinho, entre outros) adaptaram as idéias filosóficas à religião cristã e fizeramsurgir uma Filosofia cristã", explica Chauí (p. 192). "Em um mundo em que nem os nobres sabem ler, os monges são os únicos letrados. Daí a fundamentação religiosa dos princípios morais, políticos ejurídicos da sociedade medieval", completam Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins (p. 125). Não era por acaso, portanto, que até o século XVI a elite culta da Europa falava o latimbíblico, salienta Michel Villey (p. 107). a história da religião não era solidificada, não era realmente estruturada e conhecida pelo povo, mas de uma promessa que começa a seformar, a se elaborar, de modo que sua introdução na consciência popular deveria atravessar as ondulações de um pensamento imaturo, ou