A interação médico cliente
Comunicação
A interação médico-cliente
E.J. SOAR FILHO
Instituto de Cardiologia, Florianópolis, SC.
RESUMO – O autor denomina de “interação médicocliente” o conjunto de fenômenos tradicionalmente conhecidos como “relação médico-paciente”. A interação médico-cliente é entendida como uma coconstrução, mediada pelos contextos nos quais ocorre e pelas reações emocionais dos agentes envolvidos. O autor discute aspectos relativos aos contextos da interação e sugere algumas medidas que podem contribuir para o estabelecimento de
uma boa aliança de trabalho. Por fim, são relacionados e comentados os atributos pessoais do médico e as atitudes terapêuticas desejáveis para uma boa interação médico-cliente, tais como a empatia, a continência, e as capacidades de comunicação e de conotação positiva.
A INTERAÇÃO PROFISSIONAL DE
SAÚDE-CLIENTE
Estamos todos habituados à expressão “relação médico-paciente”, de uso generalizado e significado nem sempre muito claro. Apesar do que há de específico neste conceito, muito daquilo que caracteriza a interação entre o médico e seu paciente é comum a outras práticas de saúde e enquadra-se no campo de fenômenos que denominei, em outro local, de “relação profissional de saúde-cliente”1.
Essa expressão conota, antes de mais nada, a noção de equipe: os vários profissionais das equipes de saúde estão sujeitos a fenômenos psicológicos e interacionais comuns, subjacentes às suas práticas.
Em segundo lugar, conota a idéia de que o paciente é sobretudo um cliente, ou seja, um usuário, um comprador de serviços, qualquer que seja o contexto em que é atendido. De fato, a palavra “paciente” traz implícita a idéia de uma passividade e de uma posição hierarquicamente inferior, que muitas vezes está na origem do fracasso terapêutico.
O termo “paciente” não precisa, entretanto, ser abandonado, mesmo porque é universalmente utilizado. No presente artigo, em respeito à força do uso, e por