A Importância Da Dança Na Formação Do Cidadão
Ivaldo Bertazzo1
Como surgiu o conceito de “cidadão dançante”
Espetáculo Oper Árias, no Teatro Sérgio Cardoso em 1989.
Durante 27 anos, desde 1976, reuni, em montagens teatrais, grupos corais de “cidadãos dançantes” (chamo assim os indivíduos que se dispõem a conhecer melhor as possibilidades de movimento do seu próprio corpo).
Além desses “cidadãos dançantes”, recorri também a atores e cantores profissionais para compor 28 espetáculos, com elencos sempre numerosos. Para as carreiras de muitos desses artistas, a integração a chorus line generosos constituiu experiência única.
A extensão e diversidade desses elencos me permitiu criar verdadeiras
“arquiteturas humanas”, à maneira do que fizeram nos anos 20/30 o coreógrafo alemão Rudolf Laban, os musicais da Broadway norteamericana e alguns filmes de Hollywood. Mais: a construção desses
“cenários vivos” teve a propriedade de aguçar minha visão para as admiráveis nuances que modelam a identidade racial brasileira.
Um leque tão abrangente de tipos me sugeriu utilizar livremente, e até mesmo fundir, várias escolas de movimento e estruturas rítmicas do mundo inteiro: estilos clássicos indianos, danças de roda brasileiras, teatro de máscaras orientais, rituais indígenas, flamenco, hulla havaiana, valsas, bailados, tribais africanos e passos caucasianos...
Nessa época, percebi que as artes plásticas, a música, a fotografia, o teatro, etc. eram utilizados por “cidadãos comuns” em espetáculos
amadores e exposições. Isso não ocorria com a dança, ela não se flexibilizava aos diferentes interesses de consumo desses cidadãos. A dança determinava um rígido olhar sobre o bailarino profissional, solicitando dele uma técnica acadêmica de movimento para que funcionasse especificamente como instrumento do coreógrafo.
Ao “cidadão comum”, desejoso de experiência dançante, restavam os espaços das escolas de samba, festas folclóricas, discotecas, etc. Não existia para ele uma outra