A ideologia liberal e o capitalismo
O sistema capitalista se formou em meio à dissolução da ordem feudal. A desagregação do regime de servidão possibilitou a construção de uma sociedade que teve como referência o interesse coletivo. Levando-se em conta esse aspecto, podemos entender a definição progressiva dos Estados Nacionais na Europa e, posteriormente, na América. Com essa mudança, as relações sociais perderam a sua característica anterior: comunitária. A valorização da individualidade veio a prevalecer e, com ela a liberdade, uma condição importante para as pessoas progredirem. Um outro fato significativo foi a mudança que aconteceu com relação à noção de posse, o predomínio da propriedade, resultante da ação de um indivíduo que, pelo trabalho ou investimentos, conseguiu lucros e os aplicou. O acúmulo dessas aplicações resultou uma riqueza, cujo significado se encontra no sucesso de uma realização material em vida. Para alcançar o objetivo de riqueza material, cada vez mais, a condição de ser livre passou a ter um importante valor para os teóricos da organização de um novo tipo de Estado, distante das decisões dos reis e de suas cortes sobre o destino das nações. Paralela a essa revolução nos valores da vida em sociedade, em meados do século XVIII, a Europa vivia os reflexos da Revolução Científica do século XVII: na cultura, além de se valorizar a liberdade de expressão, valorizava-se, também, a razão como meio de alcançar o progresso. O conhecimento científico, aliado à experiência produtiva, particularmente, na Inglaterra, permitia a produção mais eficaz de bens de consumo: convivia-se com a Revolução Industrial. Na parte continental da Europa, o regime absolutista se mostrava inadequado à nova ordem sócio-econômica: apesar de ainda predominar a economia agrícola, as atividades secundárias e terciárias se avolumavam. Indivíduos voltados para a indústria e o comércio progressivamente configuravam um novo grupo social: a burguesia, em seus