A ideia de conexão necessária nas "Investigações sobre o entendimento humano" de Hume
O que foi dito acima aponta para uma superioridade (devido à vantagem apontada) das ciências matemáticas em relação às ciências morais. Inferência que segundo Hume é errônea, pois, pesando as vantagens e desvantagens, ambas estariam em pé de igualdade. Pois as matemáticas enquanto detentoras de ideias mais “claras e determinadas” tem como desvantagem uma maior morosidade nos raciocínios, a necessidade de longas demonstrações feitas por meio de inúmeros passos; já as ciências morais, apesar da maior “tendência a tombar em obscuridade e confusão”, exigem um menor número de passos em seus raciocínios e, caso conduzam de modo a evitar obscuridades, podem chegar mais rápido às conclusões. Entre as ideias mais obscuras (no sentido de não ter um significado claro) que obstam o progresso das ciências morais, Hume enumera as seguintes: poder, força, energia ou conexão necessária (p.97). A partir daí, o filósofo busca aclarar tais ideias no intuito de “remover uma parcela da obscuridade que tanto se censura nesse gênero de filosofia”. O autor propõe que, para que se chegue a uma compreensão clara de tais ideias, eliminando delas qualquer ambiguidade, seria necessário rastrear as impressões originais que lhes deram origem, pois tais impressões “não comportam nenhuma ambiguidade” (p.98).
Ao examinar a ideia de “poder ou conexão necessária”, Hume verifica que não podemos identificar essa conexão necessária nos eventos particulares que