A História de um português no Brasil colonial
Meu pai se chamava Bartolomeu de Castro Pessanha, infelizmente isso era a única coisa que eu sabia dele. Em 1691 ele havia embarcado em uma nau rumo à Colônia portuguesa que chamavam de Brasil. Naquela época eu tinha apenas 8 anos de idade. Agora, 10 anos depois, nossa família não sabia qual era seu paradeiro. Nenhuma notícia durante todo esse tempo. Começamos a pensar que estivesse morto.
Tudo que sei de meu pai era que ele, na sua juventude, cortava e transportava madeira do Pinhal do Rei para a fabricação de barcos, uma vez que o pinho era muito utilizado para esse fim. Lá ele conhecera um marujo de nome Almeida que o convenceu a trabalhar em uma nau que transportava mercadorias entre o reino e a colônia.
Meu nome é Afonso, moro em Leiria, uma cidade do Reino de Portugal que fica à beira do Atlântico. De lá meu pai partiu e agora eu também partiria na esperança de encontrá-lo.
Foi uma decisão difícil, muitos me pediram para desistir, afinal muitas embarcações que partiam para esta viagem nunca voltavam. Alguns afundavam nas tormentas e outros eram atacados por corsários. Mesmo assim embarquei em 1701, rumo ao Brasil, na esperança de encontrar meu pai.
A viajem começou numa manhã de março. Partimos na nau “N.S. da Conceição”, que era comandada pelo capitão João Gaspar.
Só aí comecei a entender o que era uma viajem em uma nau. As condições de vida eram péssimas. Dormíamos no porão, lugar escuro e abafado. O mau cheiro era terrível e havia ratos e baratas por toda parte. A alimentação era escassa, por isso levei algumas frutas no saco em que carregava minhas roupas. Entre tripulantes e passageiros eram aproximadamente 400 pessoas. Número acima da capacidade máxima da embarcação. Assim começava essa aventura, que eu não sabia como iria terminar.
Apesar de ter feito amizade com outros marujos, o clima no barco era péssimo. Diariamente havia brigas e a única diversão era o jogo de cartas e as missas organizadas pelos oficiais ao final do dia.