Graduação
Centro de Estudos Sociais
Uma História de Regressos:
Império, Guerra Colonial e Pós-Colonialismo
Em estudos sobre a sociedade portuguesa no sistema mundial e a integração de Portugal na Comunidade Europeia, Boaventura de Sousa Santos considera o Estado português como o grande gestor das dimensões política, económica e simbólica que compõem o processo de adesão do país à Comunidade Europeia. De acordo com o sociólogo, a “harmonização política e económica” exigida e desejada pela integração de Portugal trouxe uma “melhoria das condições gerais de acumulação”, produzindo, na generalidade, um sentimento nacional de progresso e desenvolvimento que o Estado geriu e cultivou, permitindo aos portugueses imaginarem-se como “europeus” e assim alimentando, e tornando fundamental, a dimensão simbólica da autonomia do Estado no âmbito do processo de integração. Segundo o sociólogo, é “através desta dimensão muito complexa que o Estado regula, sobretudo com discursos e actos simbólicos, a dialéctica da distância e da proximidade, da diferença e da identidade, entre Portugal e a Europa” (Santos, 1993: 51). Por outras palavras, através desta dimensão simbólica, o Estado oculta discretamente uma outra realidade – a distância a que Portugal estava da Europa – ao enfatizar a posição privilegiada de Portugal, no contexto europeu, em relação aos países africanos de língua portuguesa.
Através desta “regulação” cria-se “um universo imaginário onde Portugal se transforma num país europeu igual aos outros, sendo o seu menor grau de desenvolvimento considerado simples característica transitória que cabe ao Estado gerir” (Santos, 1993: 51). Esta construção simbólica que, na opinião de Sousa Santos, tem presidido à actuação política do
Estado, no contexto da integração europeia, é designada pelo sociólogo como “o Estado-
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como-imaginação-do-centro”. A “imaginação