A história da loucura
Introdução:
Razão versus Loucura, estado de sanidade versus demência. A discussão a respeito da vinculação entre a racionalidade e a patologia da loucura é extensa, matizada pela dualidade e paroxismo do “normal” e “anormal”. Contudo, parece ser necessário inquirirmos se tal jogo é historicamente verdadeiro, em outras palavras, é possível detectarmos o discurso contra a loucura em diversos recortes de tempo e espaço? A forma com que a mentalidade medieval tratava os loucos é similar a da contemporaneidade? A época renascentista alterou a visão medieval e pavimentou a lógica moderna de tratamento? Em caso positivo, quais são os nuances de tal posicionamento?
Na obra “O Alienista”, de Machado de Assis, o doutor Simão Bacamarte, reputado médico de Itaguaí, funda a Casa Verde, uma instituição psiquiátrica que realizaria dois desígnios do cientista: Classificar a tipologia da loucura e retirar de circulação as pessoas consideradas mentalmente desequilibradas. Seria possível percebermos uma inquietude moral do médico em relação aos desatinados da vila em que vivia? Em que medida a ação do protagonista se aproxima da cientificização da loucura típica do discurso contemporâneo?
Convergem, portanto, as duas leituras. Em uma deles buscaremos elementos historicamente dados para a constituição do tipo de tratamento e percepção da loucura. Em outra observaremos a utilização do “saber médico” e da forma com que se tratavam os que necessitavam de cuidados mentais. Os textos fundamentais são “A História da Loucura”, de Michel Foucault, e “O Alienista”, de Machado de Assis.
Uma perspectiva histórica:
A obra “História da Loucura”, de Michel Foucault, apresenta um seminal estudo