A história da loucura
Na antiguidade grega, antes do século V A.C., o homem ainda não conhece a si mesmo, a loucura definia-se como "sem razão" e insensatez então, essas distorções ou aberrações dessa "natureza" são atribuídas às forças e entidades conhecidas. E percebe-se que sua história compreende a própria história do surgimento da Psiquiatria. Isso é retratado nos textos de Homero e Hesíodo. Tudo o que acontecia na vida do homem era definido pela vontade dos deuses, eram "capricho dos deuses". A loucura seria, então, um recurso da divindade para que seus projetos ou caprichos não sejam contrastados pela vontade dos homens. (PESSOTTI,1994), qualquer descontrole mental é produto de alguma interferência sobrenatural, das Erínias ou dos deuses. Para Homero não havia desastres, tudo era determinado por Zeus. A loucura era obra de Zeus, de outros deuses ou de entidades subalternas na mitologia. Segundo Pessotti, a loucura pode levar à agressão, ao homicídio, à perda da vida, à transgressão das normas sociais, ao delírio, e nesse último caso se encaixa na definição, pós-homérica, obviamente, de mania, embora o menos homérico lembre, de perto, os impulsos e as forças inesperadas da mania. (mene). Em Ésquilo ainda falava-se da loucura causada pelos deuses e que era um castigo, tida como sofrimento. Eurípides fala da loucura como um produto de conflitos internos. Não acredita que toda e qualquer loucura seja capricho ou ciúmes dos deuses. Para ele está relacionada aos conflitos entre paixão X normas sociais; razão X instinto; desejo X vergonha; amores conflitantes X ódios e afetos. Nos textos de Eurípides ele também retrata melancolia, mania e paranoia, como também retrata um perfeito surto psicótico. È principalmente nas obras de Eurípides que a loucura se psicologiza, tanto na etiologia como nos quadros clínicos, na sintomatologia e nos efeitos sobre as emoções e a vida dos homens. (PESSOTTI, 1994). Hipócrates foi a primeira pessoa a ver a loucura de uma forma