A historia da ciencia no ensino da fisica
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De "A História da Ciência no ensino da Física" in Revista Ciência & Educação, v.5, n.1, p.73–81, 1998.
Por Marcos Cesar Danhoni Neves*
* Professor Adjunto Doutor do Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá (e-mail:macedane@fisica.dfi.uem.br) I. INTRODUÇÃO: A CRÍTICA DE VESALIO
O dissecador, ignorando a arte do falar, não está à altura de explicar a demonstração que deveria se seguir às explicações do médico, enquanto o médico nunca põe as mãos ao trabalho, mas dirige desdenhosamente a nau com a ajuda do manual, e fala. Assim, cada coisa é mal ensinada, perdem-se os dias com questões absurdas e ensina-se confusamente aos estudantes menos do que um açougueiro, do seu balcão, poderia ensinar ao doutor.
II. A CRÍTICA DE FEYERABEND E KUHN
Alijar a ciência de seu processo histórico, de suas contingências e de suas representações, é condená-la a um destino que se assemelha mais à religião, ligando paradigmas a dogmas, e sociedades científicas a seitas. Sobre isto Feyerabend escreve:
“A sociedade moderna é ‘copernicana’, mas não porque a doutrina de Copérnico haja sido posta em causa, submetida a um debate democrático e então aprovada por maioria simples; é ‘copernicana’ porque os cientistas são copernicanos e porque lhes aceitamos a cosmologia tão arcaicamente quanto, no passado, se aceitou a cosmologia de bispos e cardeais.”
À educação científica nas escolas de todos os graus, inclusive e, talvez, principalmente, naquelas formadoras de pesquisadores, é aplicada uma “metodologia” bastante eficaz para uma ciência