A gênese do trabalho e dos trabalhadores no brasil e os paradigmas da “transição” e da “substituição”, artigo.
LUPION, Márcia Regina Oliveira. A gênese do trabalho e dos trabalhadores no Brasil e os paradigmas da “transição” e da “substituição”, artigo.
O trabalhador escravo foi excluído da gênese da história do trabalho no Brasil. Segundo historiadores da “geração 80”, consideraram o trabalho escravo como a origem do trabalho e dos trabalhadores do Brasil, mas, segundo Silvia H. Lara, os historiadores e sociólogos de 60/70, excluem o escravo da história do trabalho no Brasil e dizem que a formação da classe trabalhadora brasileira teve sua origem considerada formada apenas no final do século XIX, quando chegaram os trabalhadores imigrantes estrangeiros. Para os autores da geração 60/70, o trabalho livre e assalariado no Brasil teve como precursores os estrangeiros. O escravo tornou-se “coisa”, não era capaz de pensar por si próprio, não seguia regras. Ele se representava como um ser incapaz de ação autonômica, incapaz de produzir valores e normas próprias para seguir uma conduta social. Segundo Sidney Chalhoub, em Visões da Liberdade (1999), há elementos que colocam em dúvida as conclusões da historiografia de 60/70. Relato de vários casos em que os próprios escravos negociavam sua liberdade. O autor se mostra contrário sobre a visão do “escravo-coisa”, aquele que era um ser incapaz de pensar por si próprio e confirma laços de solidariedade entre os escravos. Chalhoub menciona também, um escravo chamado Bonifácio, que por não concordar com transferências para o sudoeste do país, ele e outros escravos pegam o “negociante” responsável pelo tráfico interprovincial e o ferem violentamente. Descrito por Chalhoub, uma negra escrava queria ao menos o direito de pertencer a um determinado senhor. Recusar-se a trabalhar e gritar dentro de casa foi a forma encontrada pela escrava Carlota por não concordar com as regras do cativeiro. Os negros eram explorados – na época da escravidão – pelos senhores através de trabalhos fora da fazenda. Existiam os “negros de ganho”,