filosofia
Márcia Lopes Reis (*)
«A civilização atual a tudo confere um ar de semelhança»
«A indústria cultural continuamente priva seus consumidores do que continuamente lhes promete»
T. Adorno e M. Horkheimer:
A indústria cultural, pp. 159 e 177.
SÍNTESE: Este artigo parte do pressuposto do processo de legitimação da educação desde as interações com outros agentes como a cultura e suas interfaces, a estrutura social, a economia e o próprio Estado, para tratar do quadro complexo de funções sociais que permeiam esta instituição típica da sociedade moderna. Agrega-se a essa condição histórica a constatação de que, em cada estágio de desenvolvimento, a sociedade capitalista forma os indivíduos de que necessita para reproduzir-se (Gramsci) em princípios que têm sido reificados nas políticas públicas de educação. Dentre os aspectos fundantes nas políticas públicas de educação mais recentemente evidenciadas, pretende-se analisar, em profundidade, as relações estabelecidas com os processos de absorção dos meios de comunicação de massa – aqui tratados conceitualmente como parte da «indústria cultural». Nesse início de século, a prática educativa da «escola das novas tecnologias» passa a representar um negócio da indústria cultural em expansão.
(*) Doutora em Sociologia, mestre em Educação, especialista em Supervisão e Currículo, pedagoga. Atualmente participa do Centro de Estudos de Políticas Públicas da Educação (CEPPE) da Universidade de São Paulo, Brasil.
1. Introdução
A contemporaneidade deste início do século xxi tem sido representada pelo desenvolvimento de algumas condições decorrentes dos anos finais do século passado. Em seu contexto mundial, podem ser destacadas algumas características como o avanço tecnológico, especialmente da microeletrônica e da biotecnologia; redefinição da estrutura e das condições gerais de produção industrial possibilitada pela informatização e automação dos processos