A Gênese da Antinomia
Vê-se que em vários campos da ciência, quiçá todos (embora todos seja uma palavra perigosíssima de ser empregada, em qualquer aspecto), existem muitas divergências, que acabam, frequentemente, por serem resolvidas através de subdivisões, campos diferentes, até opostos, mas que também são comuns de se relacionarem através de um processo dialético, se complementando uns ao outros. Neste texto, o objetivo é perscrutá-los até a gênese de sua formação enquanto parte natural da ciência. A começar por uma conhecida antinomia dos políticos, historiadores, geógrafos, economistas e tantos outros: a divisão esquerda-direita. Quem nos fala sobre tal ponto de forma um tanto contundente é Norberto Bobbio. Em seu texto de 2001, “Direita e Esquerda, razões e significados de uma distinção política”, publicado pelo UNESP, Bobbio versa sobre um tema que tem suas raízes fincadas há, ao menos, dois séculos. Como prova da dialética que permeia estes campos, temos uma frase logo no início do texto, em “A Distinção Contestada”, relatando que as relações esquerda-direita são termos antitéticos “reciprocamente excludentes e conjuntamente exaustivos” (p. 49), afinal, como continua Bobbio, “nenhuma doutrina ou nenhum movimento pode ser simultaneamente de direita e de esquerda” (p. 49). Ora, realmente não podem. Mas isso não é apenas nesse caso. Há incontáveis outros de termos antitéticos que se complementam. Aliás, difícil é encontrar termos antitéticos que não se complementam. Portanto, a conclusão lógica é que se é impossível chegar a uma verdadeira dicotomia, no conceito de Verdade. O que nos faz pensar se a Verdade realmente existe. Lefebvre discute isso em sua “Teoria do Conhecimento”. A conclusão a que chega é um tanto quanto complexa e merece uma extensa análise, mas aqui optaremos por considerar a inexistência da Verdade como tal. Voltando a Bobbio e sobre dicotomias, este apresenta que a