A Guerra Das Narrativas
Universidade Laval, Quebec
RESUMO
Em quase todas as partes do mundo, os programas escolares exigem que o ensino da história desenvolva nos alunos a autonomia intelectual e o pensamento crítico. Há muito tempo não se vê mais a missão de incutir nas consciências uma narrativa única glorificando a nação ou a comunidade. No entanto, quando o ensino da história é questionado nos debates públicos, é sempre com referência a esse tipo de narrativa: embora não fazendo mais parte dos programas, esse continua sendo o único objeto dos debates. Este artigo dá inúmeros exemplos atuais de tais debates, antes de concluir que são provavelmente vãos e que as pessoas se iludem sobre os efeitos reais da história ensinada. Alguns exemplos também são dados a esse respeito.
Palavras-chave: Ensino de História; Política; Narrativa. ABSTRACT
Almost everywhere in the world, official school curricula require that the teaching of history develop students' capacity for intellectual autonomy and critical thinking. They don't bear anymore the mission to instil in students' consciousness a single narrative glorifying the nation or the community. Still, whenever the teaching of history is called into question in public debates, it is always in reference to this sort of narrative: school curricula do not include it, yet it is the sole point of these debates. The article gives several examples of such debates throughout the world. It then concludes that these are most probably pointless debates as it seems we overestimate the actual effects of history education. Examples of this are also given.
Keywords: History Education; Politics; Narrative.
Para liquidar os povos, começa-se por lhes tirar a memória. Destroem-se seus livros, sua cultura, sua história. E uma outra pessoa lhes escreve outros livros, lhes dá outra cultura e lhes inventa uma outra História.
Milan Kundera. O Livro do Riso e do