A gestalt e a psicanálise
Perls e a psicanálise
É claro que a Gestalt-terapia é filha da psicanálise, mas é uma filha rebelde, que herdou muito, pelo menos no princípio, da rebelião crônica de Perls e Freud.
Como acabamos de ver, Fritz Perls fez quatro psicanálises sucessivas, mas todas em condições inabituais.
Depois, Karen Horney e Reich vieram a se tornar discípulos contestadores de Freud, como comprovam seus trabalhos posteriores, publicados após sua emigração para os Estados Unidos.
Enfim, é importante salientar um fato freqüentemente negligenciado: a importante influência indireta de Sandor Ferenczi, influencia esta transmitida por vários de seus discípulos ou admiradores, que marcaram Fritz ou Laura Perls durante sua formação didática inicial e suas pesquisas posteriores. Esta influência pode explicar amplamente a analogia – várias vezes evocada.
Em resumo, é preciso assinalar que Perls não teve uma experiência “clássica” tradicional da psicanálise, apesar dos seis anos de análise e de formação didática e de seus vinte e três anos de prática como psicanalista.
Perls critica, sobretudo, a idéia caricatural que ele próprio forjou da psicanálise e hoje muitos analistas não se reconhecem muito nessa imagem da análise que ele contesta.
Controvérsias
Como observou C.G,Jung: “As diferenças teóricas remetem, em última análise, às diferenças entre as personalidades: cada um escolhe um modelo que corresponde à sua estrutura psíquica”.
Fritz contesta Sigmund
Perls contesta vários pontos fundamentais, tanto da teoria quanto da técnica freudiana ortodoxa.
O inconsciente
O inconsciente freudiano parece-lhe reunir, abusivamente: por um lado, sentimentos antes conscientes, depois recalcados. Por outro, impressões que nunca atingiram a consciência; enfim, sensações fisiológicas que não podem ser conscientizadas...Ele prefere então falar de “não consciente no momento” e estudar o processo atual de recalque, mais do que o conteúdo do