A FUNÇÃO DA POLÍCIA
GOLDSTEIN, Herman. A Função da Polícia. In: Herman GOLDSTEIN. Policiando uma Sociedade Livre.
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003,
p. [37-65].
Neste capítulo de seu livro, GOLDSTEIN pontua todas as dificuldades existentes em se definir a Função da Polícia. Ele disseca alguns dos principais fatores que contribuem para a complexidade do papel da polícia.
1. Resumo
O sistema de justiça criminal é o principal meio possível para a polícia poder agir em situações das mais diversas. Para muitas dessas situações, o sistema é claramente inapropriado e, mesmo quando é adequado, muitas vezes sua aplicação é ineficaz.
Mas na ausência de alternativas, o sistema de justiça criminal acaba sendo utilizado e, para que as coisas possam funcionar, várias vezes seu uso é distorcido. Assim pode-se explicar, entre outras coisas, a tendência da polícia em qualificar um percentual altíssimo de suas atividades como sendo de atividades ligadas à criminalidade. O autor cita alguns estudos como o do sociólogo William Westley (tese de doutoramento em 1951), e as sínteses e análises dos dados coletados no estudo da
American Bar Foundation, que mostraram que em muitas ocasiões, as pressões de volume, as pressões públicas, as pressões interdepartamentais e os interesses e preferências pessoais dos funcionários do sistema foram caracterizadas como tendo mais influência no funcionamento do sistema do que a Constituição e as leis estaduais ou municipais.
Além destes estudos demonstrarem que o abandono do formalismo nos procedimentos legais era muito grande, o que causou um impacto maior foi a percepção da interdependência existente entre os órgãos do sistema, e isso resultou
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em reconhecer a necessidade de se observar cada órgão, inclusive na polícia, como uma parte do todo.
Fora percebido que o alto percentual de tempo que é gasto pelos policiais tratando de outros assuntos que não as criminalidades mudaram o estereotipo da função