A função da angustia
Juan Carlos Cosentino
Tradução: Paloma Vidal
O enigma sobre a "origem" da angústia está presente no início da indagação que Freud realiza sobre a neurose. Retorna, modificado, depois de anos de teorização analítica, em 1932.
No começo "o sinal de interrogação" acompanha essa pergunta que vem como subtítulo do "Manuscrito E" em 1894: "Como se origina, de onde nasce a angústia?".
Então, se separa da transferência e fica situada fora do campo analítico.
Com a publicação do caso clínico do pequeno Hans, Freud introduz a história de angústia e a situa novamente no campo da análise. A pergunta, um pouco modificada, insiste: quando sobrevém a angústia? A resposta demora, mas é a ocasião, com efeito retroativo, em que introduz o complexo da castração.
A pergunta reaparece com a 32a conferência, "Angústia e vida pulsional", mas no intervalo produziu-se uma virada, conseqüência desse segundo passo teórico.
"De que se tem medo na angustia neurótica?" "Como se concilia esta com a angústia realista ante perigos externos?".
A primeira versão da teoria, onde a neurose de angústia não corresponde ao mecanismo de defesa, não se sustentará por muito tempo. A satisfação sexual, que se tornará problemática para o sujeito humano com a introdução da pulsão, não é suficiente para causar a neurose de angústia. Ao contrário, com a angústia e a partir das fobias típicas, essa neurose desfaz o nó entre a nostalgia e a satisfação. O fracasso da função de um sonho chave na análise do pequeno Hans introduz a irreversibilidade da angústia.
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102 100 ANOS DE PROJETO FREUDIANO
Chamamos angústia patológica uma sensação de nostalgia angustiada desde o momento em que já não se pode cancelá-la apontando-lhe o objeto ansiado.
A angústia se adianta. Separa nostalgia (desejo) e satisfação (pulsão), torna complexo o estatuto do objeto e questiona o império do princípio do prazer.
Entre 1926 e 1932 opera-se, na verdade, uma mudança de pergunta, que é