Prolongando a adolescencia
Freud, desde 1894, acentuava que, quando o neurótico se depara com uma representação incompatível, "dispõe-se" a separá-la de seu afeto. O afeto livre liga-se a representações compatíveis estabelecendo uma falsa ligação. No texto Recalque, Freud refere-se à impossibilidade de se escapar do que é interno: o eu não pode fugir dele mesmo! De acordo com o princípio do prazer-desprazer, a condição para o recalque seria a pulsão ao atingir sua finalidade, produzir desprazer com uma força maior do que a do prazer obtido. O recalque alcançaria seu objetivo quando conseguisse afastar o "evento psíquico" desagradável da consciência. O representante psíquico ideacional com sua entrada barrada no consciente se fixaria no inconsciente permanecendo inalterado. O recalque propriamente dito seria uma pressão posterior afetando "os derivados psíquicos do representante recalcado"(Freud, Recalque p 153) que mantêm uma conexão associativa com o primeiro recalque. No processo de recalcamento haveria, simultaneamente, a cooperação de duas forças sobre o representante ideacional: uma de repulsão a partir do consciente e outra de atração exercida pelo conteúdo originariamente repelido. O representante ideacional, continuando a existir no Inconsciente, "prolifera no escuro"(Freud, Recalque p 154), organizando-se e estabelecendo ligações. Em oposição ao recalcamento do representante ideacional, o representante afetivo não pode ser recalcado seguindo outros destinos. Pode ser suprimido sem deixar vestígios; aparecer como um afeto qualitativamente colorido ou ser transformado em angústia. Sendo o próprio objetivo do recalque fugir do desprazer, o destino da quota de afeto torna-se mais importante. A persistência do desprazer indicaria uma falha no processo de recalcamento.
Em alguns textos Freud chamou a atenção sobre a angústia definindo-a como "estado afetivo... combinação de determinados sentimentos da série prazer-desprazer, com as correspondentes inervações de