Angústia e Subjetividade
Angústia e subjetividade
Maria Angélica Augusto de Mello Pisetta
Doutora e mestra em Psicologia pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Especialista em Psicologia clínico-institucional pela Universidade Estadual do Rio de
Janeiro. Professora de Psicologia na Universidade Católica de Petrópolis.
End.: R. São Sebastião, 525, bloco 9B, apt. 201.
Petrópolis, RJ. CEP: 25645-045.
E-mail: angelica.pisetta@ucp.br
Resumo
Procuramos neste artigo discutir as dificuldades do manejo da angústia na clínica psicanalítica a partir das diferentes conceituações do objeto da angústia em Freud e Lacan. O fato clínico da angústia demarca não apenas uma evidência clínica, mas uma função particular na condução do tratamento e, ainda, a condição do homem como faltante. Freud não deixa de marcar a importância da angústia na clínica ao se referir a um sinal em Inibições, sintomas e ansiedade (1926) e Lacan, mais especificamente, vai desenvolver, a partir disto, como função da angústia, a sinalização da possibilidade de sufocação do desejo. A noção de alteridade radical aqui desempenha uma localização central, já que a referida sufocação do desejo indicaria uma perda dos limites do sujeito e do Outro. Desse modo, pretendemos contemplar neste artigo as questões em torno desta problemática da constituição do sujeito
Revista Mal-estar e Subjetividade – Fortaleza – Vol. VIII – Nº 1 – p. 73-88 – mar/2008
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nos limites do Outro, a partir da angústia. Para tanto, consideramos as perspectivas freudianas da ‘natureza’ da angústia, do objeto fóbico e do objeto da angústia, procurando evidenciar a busca freudiana pelo entendimento da função da angústia. Discutiremos também a referência lacaniana ao significante e à irredutibilidade da angústia ao simbólico. A partir desta discussão, destacamos o entendimento da função da angústia em relação ao asseguramento da alteridade radical do sujeito.